terça-feira, 10 de junho de 2008

Após terem se dado mal, candidatos devoram o edital

Juliana Doretto
Em São Paulo
Era 2006, um domingo, depois do almoço. O publicitário Thomas Gonçalves, 29, estava nervoso, porque iria fazer uma prova do concurso para a carreira de diplomata, do Ministério das Relações Exteriores. O exame começava às 15h. Ele estava na zona Sul de São Paulo, e o teste era no extremo da zona Leste, mas o tempo estava sob controle. Então ele resolveu olhar o edital, só para confirmar o horário, por desencargo de consciência.

"Vi que era às 14h o início da prova. Quando me dei conta, já era umas 13h30. Saí feito alucinado, não sei como não bati o carro no meio do caminho", relembra Gonçalves.

Mesmo com o esforço, ele chegou meia hora atrasado e perdeu o exame. O erro teve justificativa: no dia anterior, ele tinha feito a primeira prova do concurso, que era dividida em duas partes, de manhã e à tarde. E segunda etapa desse exame começou às 15h. "Acho que fiquei com isso na cabeça e pensei que seria o mesmo no domingo", justifica-se.

Hoje, "traumatizado", como ele mesmo diz, horário virou prioridade. "Programo na agenda do meu celular e deixo anotado bem grande na minha escrivanhia. Nos dias das provas, durmo na casa dos meus pais, que é mais próxima ao centro e tenho melhor acesso ao local dos exames", conta.

Renata Caldas, 29, psicóloga, caiu numa "pegadinha" do edital do Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Ela tinha acabado de fazer uma prova do TST (Tribunal Superior do Trabalho) e só lhe restavam cerca de duas semanas para se preparar para o novo concurso.

"Fiz uma leitura dinâmica do edital, e como era do Cespe [Centro de Seleção e de Promoção de Eventos], assim como o do TST, inferi que funciona do mesmo jeito: uma reposta errada anulava uma certa. O que é muito comum no Cespe. Mas não era! A cada duas erradas, uma certa era anulada", explica.

Com medo de perder pontos, ela deixou 11 questões em branco. "Eu poderia ter chutado. Para seis delas, eu tinha uma opinião, apesar de não ter certeza. E eu teria acertado", diz. "Hoje, eu decoro o edital."

Era um concurso de cadastro de reserva, e ela foi classificada, mas, com os pontos que deixou de marcar, estaria várias posições acima. Ou seja, teria mais chances de ser convocada.

Sem data
Aliás, para quem quer fazer dois concursos ao mesmo tempo, as minúcias do edital também podem significar uma inscrição perdida.

O hoje diplomata Ruy Hallack Duarte de Almeida, 30, em 2000, fez inscrição no concurso de analista de controle externo do TCU (Tribunal de Contas da União) e também estava inscrito para o exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

"O edital saiu em 28 de setembro, mas sem a data da prova, que foi marcada para dezembro, na mesma data da OAB. Eu já havia me inscrito em ambos quando fiquei sabendo da incompatibilidade", conta.

Com os calendários iguais, ele teve de decidir por um das provas. "Pensei por alguns momentos em optar pelo TCU, mas sabia que tinha muito mais chance de passar na OAB." E passou.

UOL empregos

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